AC vai esperar dois anos para voltar à vida

A "segunda encarnação" da JAC Motors no Brasil será no corpo de um novo carro, destinado a substituir o atual J3. O futuro modelo compacto, com preço entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, será produzido na fábrica da chinesa em Camaçari (BA), cuja pedra fundamental foi lançada na última segunda-feira (26).
Chega-se ao terreno da unidade fabril cerca de 15 minutos depois de deixar a estrada estadual que serve a região, e ele fica exatamente no meio do nada. Obras de terraplanagem estavam a todo vapor quando os jornalistas chegaram para acompanhar a cerimônia, sob sol forte e temperatura de uns 35 graus (a assessoria da JAC forneceu chapéus e protetor solar aos visitantes). Não havia ar-condicionado -- aliás, não se via sequer rede elétrica por ali.
"Segunda encarnação" porque a marca chinesa, que estreou em 2010 prometendo uma revolução no mercado com sua política de oferecer carros completos a preço de pelados, na prática foi estrangulada à morte com as novas regras do setor automotivo para veículos importados.
Sérgio Habib, midiático presidente da JAC no Brasil, afirmou em março de 2011, quando o J3 foi efetivamente lançado, que até o último dia daquele ano emplacaria 35 mil unidades. O primeiro pico do IPI para importados aconteceu em setembro, um mês depois de a minivan J6 chegar às lojas -- e foi suficiente para cortar as vendas da JAC a 24 mil carros.
Em 2012, oferecendo desde março o sedã médio J5 (exaustivamente propagandeado na TV pelo apresentador Fausto Silva), os emplacamentos totais da JAC, segundo afirmou o próprio Habib, não passarão de magríssimos 19 mil. É menos do que vende o Volkswagen Gol em um único mês. Se isso, para uma empresa, não é morrer, o que seria?
E que não se perca a ironia: na cerimônia da pedra fundamental, a JAC cumpriu a promessa de criar uma "cápsula do tempo", na verdade um J3 já bem rodado e recheado de lembranças de 2012 (como jornais, livros, amostras de música, além de mensagens de clientes da marca) que será recuperado daqui 20 anos -- quando, supostamente, os dias de hoje serão uma curiosidade.
O carro foi içado por um guindaste e baixado a um buraco numa área nobre no terreno da futura fábrica. Depois, o guindaste ajudou a selar o local com uma lápi... ops, laje de concreto de 7,5 toneladas. A ideia era marqueteira, mas ficou a impressão de um enterro simbólico da JAC pré-regime automotivo.

Fonte: Uol

« Voltar